“ELE NÃO”: PROTESTO OU OBSESSÃO?

A manifestação de repulsa revela mais do manifestante que do estereótipo representado pelo outro…

 

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Por Antonio Fernando Pinheiro Pedro*

Passeando pelas redes sociais, me vi na pele de Jair Bolsonaro várias vezes. Não me lembrava de ter sido atacado pessoalmente com tanta agressividade, por gente conhecida e desconhecida, como nesses últimos dias de campanha eleitoral.

É como se o ódio do “Ele Não” houvesse se estendido a todos os cidadãos discordantes da esquerda em desespero nesta digitalmente conturbada campanha eleitoral. E isso pode explicar grande parte dessa derrota por ela sofrida.

De fato, a manifestação de repulsa revela um problema próprio, não resolvido, de quem sente, em relação ao estereótipo representado pelo outro. Ou seja, pouco importa se Bolsonaro é mesmo todos os “ista” ou “fóbico” etiquetados em sua imagem.

O protesto contra ele não justifica o ódio, revela uma obsessão.

O Fenômeno da Negação Esquerdista

A agressividade a nível pessoal, revela muito mais do agressor que propriamente do agredido.

Há um recalque afetando o comportamento da esquerda brasileira. Esse recalque se estende e contamina as bandeiras de luta empunhadas pelos adeptos do discurso esquerdista, dito “politicamente correto”, até o ponto em que a reação inevitável da camada racional da população busca, democraticamente, dar um fim à agressão.

Esse recalque, no Brasil, tornou-se programa governamental, nos últimos trinta anos.

Com efeito, as politicas educacionais trataram de gerar neuróticos esquerdistas, desde a tenra infância, transformando o que seria uma geração de transição promissora para o século XXI, numa horda de militantes rancorosos e recalcados – vários deles munidos de qualificação acadêmica suficiente para reproduzir novos neuróticos.

O mais triste é que essa geração, que transita da pós-adolescência á maturidade, epistemologicamente falando, dificilmente identificará as “fendas” ocorridas em seu desenvolvimento, e continuará agredindo os que se encontram ao seu redor….

O psiquiatra forense Lyle Rossiter, em sua obra “The Liberal Mind: The Psychological Causes of Political Madness, ao caracterizar o esquerdista como um neurótico, afirma:

“Sua neurose é evidente em seus ideais e fantasias, em sua auto-justiça, arrogância e grandiosidade, na sua auto-piedade, em suas exigências de indulgência e isenção de prestação de contas, em suas reivindicações de direitos, em que ele dá e retém, e em seus protestos de que nada feito voluntariamente é suficiente para satisfazê-lo. Mais notadamente, nas demandas do esquerdista radical, em seus protestos furiosos contra a liberdade econômica, em seu arrogante desprezo pela moralidade, em seu desafio repleto de ódio contra a civilidade, em seus ataques amargos à liberdade de associação, em seu ataque agressivo à liberdade individual. E, em última análise, a irracionalidade do esquerdista radical é mais aparente na defesa do uso cruel da força para controlar a vida dos outros.” (*)

Freud, em 1919, já identificava esse mesmo distúrbio, contido no esforço comunista para regular as pessoas desde o berço até o túmulo, atribuindo a violência (um elemento humano originário), ao fato da propriedade.

A negação da responsabilidade pessoal, o incentivo à auto-piedade e à auto-comiseração, a indulgência sexual, a racionalização da violência e a justificação sociológica da inveja do sucesso alheio impulsionam o ódio como método de militância da esquerda no Brasil.

Essa muralha cognitiva impede a esquerda brasileira de “sair de sua zona de conforto” – ver-se obrigada a se despir de seu discurso construído, para se deparar com a destruição absoluta de seus estereótipos.

A destruição impiedosa dos esterótipos é notória, encetada pela triste realidade política, social e econômica, resultante da aventura esquerdista na Venezuela, Nicarágua, Equador e Brasil, bem como a debacle do politicamente correto na vida acadêmica norte-americana.

A decadência sem dignidade do lulopetismo no Brasil, revela essa destruição. Não por outro motivo, os esquerdistas simplesmente passaram a negar a realidade.

Trata-se de uma reação que a psiquiatria, não a política, explica. Transcende o cinismo criminoso calculado das lideranças, acometidas por psicopatias criminosas mais graves.

A repulsa, negação e vitimização manifestadas pela militância, só contribuiram para expor rancor e reduzir a empatia para com a causa.

É nesse contexto que o tiro do #EleNão… saiu pela culatra (para usar um termo bolsonariano…)

ódio transforma protesto em obsessão fetichista…

 

#EleNão : recalque e psicologia reversa

Recalque é um mecanismo de defesa inconsciente. Ele tem se manifestado de forma sincronizada nas manifestações reativas da esquerda. Não raro acompanhado de um transtorno de somatização.

As manifestações ocorrentes contra o impeachment, em prol do público LGBT, o “Fora Temer”, o “Fora Moro” e o “Ele Não” – contra Bolsonaro, comportaram performances agressivas, uma preocupação com o escandalizar. Essas performances desconfortáveis, no entanto, revelaram muito mais dos fantasmas ocultos dentro dos indivíduos performáticos, que da causa que pretendiam defender ou combater.

Um analista racional identificaria de cara a tentativa de exorcizar algo impregnado no inconsciente do manifestante – como se este procurasse defender-se dele próprio.

Recalque e repressão trabalham juntos. Se o primeiro envia os eventos ou desejos dolorosos ao inconsciente, a segunda impede que esses pensamentos ou eventos já recalcados saiam de lá e alcancem o consciente novamente.

A psicanálise geralmente resgata os fatos e sensações que ficaram esquecidos em algum lugar do passado, obrigando o recalcado a lidar com seus fantasmas por meio de uma terapia cognitiva comportamental. Porém, não há um divã reservado para cada recalcado “militante da causa”… e os “sem divã” também não resolverão o problema coletivamente, promovendo a revolução nos moldes reichianos.

Por isso mesmo, tornam-se vítimas da própria armadilha de procurar tornar a contramão uma via de mão única (!). E a catarse que provocam não raro produz efeito contrário.

A psicologia reversa explica esse fenômeno paradoxal.

A situação negativa criada no coletivo, geralmente gera resultado positivo para o os que se alinham ao alvo do protesto.

Desde os tempos de Goebbels, como bem acentua Wilhelm Reich (“Psicologia de Massas do Fascismo”), essa manipulação é executada. No entanto, parece não ter sido aprendida devidamente pelas gerações de manifestantes performáticos do chamado “socialismo do século XXI”…

Explico:

Quando se diz a uma criança “você não pode brincar”, a vontade de brincar será estimulada, muito mais pelo prazer em desafiar a ordem, pois, para a criança, comete-se uma enorme injustiça quando se tolhe a liberdade dela. Esse comportamento se estende para a vida adulta – quanto mais se tolhe, maior será a probabilidade do tolhido ser estimulado a fazê-lo.

O contrário também ocorre. Não se faz o que é esperado justamente no intuito de se afirmar a liberdade psicológica. Ser “do contra” é cool, inclusive contra os que se dizem contra tudo.

Assim, os protestos em forma de escândalo – buscando agredir o senso comum dos cidadãos, para compeli-los a “aderir à causa”, tendem a reforçar justamente o oposto.

O #EleNão é caso típico desse fenômeno. Revelou muito mais dos militantes da causa contra Bolsonaro, que do alvo das manifestações. Por outro lado, provocaram reação contrária muito maior que qualquer tipo de adesão oposicionista pretendida.

O excesso, a inflação de performances vitimizadoras e de inculpação, justificadas por um discurso hipócrita politicamente correto, provocou a enorme reação global conservadora, no sentido de restaurar alguma razão em meio à desagregação de causas transviadas que se abateram sobre a sociedade.

Se a psicologia reversa manipula, a reatância psicológica costuma atingir níveis insuportáveis, provocando polarização e desagregação – justamente o que se observou no ambiente político eleitoral em 2018.

Hora de lidar com a própria culpa

Tornaram-se os militantes do “Ele Não”, assim, alvos do próprio ódio.

A tentativa de desconstrução moral do personagem Bolsonaro, por meio de um violento ataque pessoal, no entanto, se estendeu a todos aqueles que intentaram ou ainda intentam questionar o militante da esquina, seja ao vivo ou nas postagens nas redes sociais.

O fato é que o comportamento escancarou o óbvio: o “Ele Não”, antes de um protesto, revelou-se uma obsessão…

“Sintomático”, diria o professor Sigmund Freud, se estivesse vivo.

Afinal, o mal-estar da culpa (ou sua negação ostensiva), é gerado pela falta de um projeto ético orientador ou falha em seguir uma conduta responsável.

Entre uma baforada e outra, Freud recomendaria: “hora de aprenderem a lidar com esta sensação…

Notas:
https://www.theeagleview.com.br/2015/11/esquerdismo-virou-coisa-de-louco.html
https://www.theeagleview.com.br/2018/09/negar-o-fato-do-crime-contra-bolsonaro.html
 https://www.theeagleview.com.br/2018/09/atentado-contra-bolsonaro-atinge.html
 http://queconceito.com.br/negacao

afpp2*Antonio Fernando Pinheiro Pedro é advogado (USP), jornalista e consultor ambiental. Sócio diretor do escritório Pinheiro Pedro Advogados. Integrante do Green Economy Task Force da Câmara de Comércio Internacional, membro do Instituto dos Advogados Brasileiros – IAB. Vice-Presidente da Associação Paulista de Imprensa – API. É Editor- Chefe do Portal Ambiente Legal, do Mural Eletrônico DAZIBAO e responsável pelo blog The Eagle View.

 

 

 

 


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