FUTURO SÓLIDO

O Brasil mantém determinação inabalável

 

depositphotos_55039229-stock-photo-brazil-future-concept

 

Por Renata Di Pierro*

Depois das manifestações populares de apoio à Lava Jato e o mais do pacote de bondades para o Brasil, me pego pensando no quão surpreendente é tudo o que está ocorrendo nessa Ilha de Santa Cruz que amargou séculos de aparente ausência de vocação para a seriedade ( De Gaulle que o diga), de descompromisso com a lei e a ordem – apesar dos dizeres na bandeira.

O Brasil parece renascer do tal do sonho intenso com força só vista na Copa de 70 (Todos juntos vamos pra frente, Brasil, salve a seleção) e mantendo uma determinação inabalável.

Cá entre nós, corrupção era fato corriqueiro e aceitável, do fiscal ao governador, passando pelo consumidor, pelo pequeno negociante, enfim, por todos nós. Pagar o guarda, sonegar impostos, dar uma “caixinha” aqui e ali, a corrupção nos nomeava como se fosse uma endemia incurável e assim íamos tocando a nau com um meneio de cabeça.

Apesar da convicção de muitos, a maioria da população brasileira não era sabedora da roubalheira aos cofres públicos pela classe então governante. Eis que uma história iniciada num posto de gasolina (alguém se lembra o começo da Lava Jato?) põe a nu um enorme escândalo de corrupção “nunca antes visto” em país nenhum do mundo! Repito: do mundo!!

E lá se vão 5 anos e vários condenados e muitos outros crimes a serem investigados, num intrincado organograma que mais parece um viveiro abarrotado de minhocas alvoroçadas.

A recente delação de Antonio Pallocci sobre o BNDES dará início ao que se supõe ser o maior de todos os esquemas, envolvendo 500 bilhões (mal sei grafar isto em números!) como se já não estivéssemos revoltados o suficiente com o que assistimos até aqui.

O lado ruim de desbaratar os bandidos e acabar com a impunidade nós sabemos e não podemos negá-lo: piora da crise econômica já instalada no governo Dilma e por força da péssima gestão da coisa pública em todos os níveis. Ou seja, o que já estava péssimo, ficou pior.

Os críticos mais ferrenhos à operação Lava Jato tentam atribuir nosso colapso financeiro à derrocada do império das empreiteiras, que sobreviviam à custa da própria corrupção, mas que geravam empregos e foram caindo, num efeito dominó, arrastando os menores grupos, blá, blá, blá.

É fato que isto ocorreu. Mas a crise financeira já estava a pleno andamento e teríamos nos tornado venezuelanos (lamento a comparação com este povo tão sofrido) se o PT fosse reeleito.

Porém, se alguém conhecia outra forma de extirpar o mal pela raiz, de fazer omeletes sem quebrar os ovos, devia ter apresentado o plano de sucesso ou a fórmula do milagre à operação Lava Jato.

Como ninguém, até o momento, fez nada além de críticas, é de se supor que alternativa alguma havia para sanar a roubalheira, exceto a que foi implementada: punir os corruptos e sanear as instituições, ainda que isto nos custe algum retrocesso.

E é neste ponto que minha perplexidade aumenta diante do meu povo. Mesmo lascado, desempregado, apertado nas contas, meu povo vai para as ruas clamar que a Lava Jato prossiga até que o último ladrão esteja encarcerado. Até que recuperemos todos os centavos possíveis do que foi tomado de nós, para o benefício de todos nós. Até que vivamos sob o império da lei e da justiça social, com direitos para todos, sem distinção de classe, gênero, opção, formação, cor ou credo. Até que possamos retomar a marcha em bases sólidas, limpas, cooptando forças para engrandecer o país e seus cidadãos que, de cabeça erguida, mostrarão ao mundo que somos, sim, um povo digno, cordial e trabalhador, dono de um país rico que quer, E VAI, diminuir as distâncias sociais, mas não à custa de discursos de ladrões populistas eleitos por nós e para nos enganar.

Não sei de onde e nem como, tão de repente – considerando nossos cinco séculos – nos enchemos deste orgulho, desta garra, desse sentido de ética que hoje tem tomado conta de cada brasileiro que se manifesta direta e pessoalmente nas redes sociais. Orgulho imenso desses meus compatriotas, anônimos como eu, que vem buscando corrigir suas posturas individuais para congregar uma moralidade coletiva que julgávamos morta e quase impossível de ressuscitar, mas que atualmente se ouve na voz de cada um de nós que, de peito inflado, coração acalentado pela esperança, entoa cheio de orgulho nosso Hino Nacional, sem errar a segunda parte.

Nós somos bons! Somos grandes! Somos fortes!

“Gigante pela própria natureza. És belo, és forte, impávido colosso. E o teu futuro espelha essa grandeza”

 

 

renata-di-pierro*Renata Di Pierro é advogada civilista, especializada em Direito de Família, Direito Político, Financeiro e Administrativo pela USP. Colaboradora do Blog The Eagle View e do Portal Ambiente Legal.

 

Fonte: The Eagle View

 

 


Desenvolvido por Jotac