GENERAL MOURÃO E A CRÍTICA DOS IGNORANTES

Pensar diferente atemoriza quem ignora o que existe além dos rótulos do politicamente correto

 

General Ex Hamilton Mourão

General Ex Hamilton Mourão

 

Por Antonio Fernando Pinheiro Pedro*

O General Mourão, em um evento ocorrido no dia 6 de agosto, na Câmara de Comércio de Caxias do Sul, afirmou termos todos nós, brasileiros, três heranças principais: a do “privilégio”, trazida pelos ibéricos; da “indolência”, que vem da cultura indígena; e da “malandragem”, “oriunda do africano”.

“Então esse é o nosso caldinho cultural. Infelizmente gostamos de mártires, líderes populistas e macunaímas”, afirmou o General Mourão, atribuindo essa característica psicossocial ao chamado “complexo de vira-lata”.

Pronto! Foi o que bastou para a militância imbecil sacar o rotulador, atribuindo pechas de preconceituoso, racista, etnofóbico… ao militar, tudo transmitido pelo teleprompter da mídia amestrada, e lido pelos porta-vozes robóticos do establishment.

De fato, a reação é sintomática da ignorância intrínseca à militância do politicamente correto. Isso porque os ressentidos que seguem esse discurso, protegem sua forma tosca de ver o mundo rotulando tudo aquilo que não conhecem, e que exige um raciocínio para além do rancor.

Como não conseguem fazê-lo (raciocinar para além do rancor), temem tudo o que foge de sua minúscula compreensão.

Não por outro motivo, esse rotuladores tornam-se escravos dos sufixos. Sintomaticamente utilizam “fobia” para atacar aquilo que está no inconsciente deles próprios, quando não recorrem ao “ismo”, para praticar exatamente o que pretendem combater. É a famosa “projeção psicológica”, um mecanismo de defesa por meio do qual os incautos atribuem aos outros os próprios sentimentos, pensamentos, crenças ou até mesmo ações próprias que são para eles inaceitáveis.

Imersos na ignorância dos que se ressentem, como reagiriam os críticos da fala do militar, se deparassem com a leitura do seguinte trecho:

“(…)Era preto retinto e filho do medo da noite. Houve um momento em que o silêncio foi tão grande escutando o murmurejo do Uraricoera, que a índia tapanhumas pariu uma criança feia. Essa criança é que chamaram de Macunaíma.
Já na meninice fez coisas de sarapantar. De primeiro passou mais de seis anos não falando. Si o incitavam a falar exclamava:
– Ai! que preguiça!…
e não dizia mais nada. Ficava no canto da maloca, trepado no jirau de paxiúba, espiando o trabalho dos outros e principalmente os dois manos que tinha, Maanape já velhinho e Jiguê na força do homem. O divertimento dele era decepar cabeça de saúva. Vivia deitado mas si punha os olhos em dinheiro, dandava pra ganhar vintém. E também espertava quando a família ia tomar banho no rio, todos juntos e nus.”

Preconceituoso? Racista? Como classificariam hoje, os arautos da nova ética sem moralidade, a obra prima de Mário de Andrade – “Macunaíma”?

Sérgio Buarque de Holanda, com sua descrição do individualismo ibérico, a noção de nobreza advir do ócio e do trabalho ser atribuição dos escravos, a ideia de que a disciplina, no Brasil, ter sido sempre confundida com “obediência” (daí surgindo a noção da malandragem dos que se passavam por disciplinados fingindo obediência), será doravante descrito como um ser desconectado das verdadeiras “Raízes do Brasil” – e, com certeza, sua obra histórica estará prestes a ser jogada na fogueira dos rotuladores politicamente corretos.

Gilberto Freyre, então… nem pensar! “Casa Grande e Senzala” e sua descrição antropológica das gerações de seres deformados pelas doenças venéreas e pela subnutrição, da violenta e poligâmica vida social dos isolados senhores de engenho, suas mulheres, feitor e escravos… seria motivo de editorial clamando por alguma atitude censória do ministério público da moralidade alheia…

De fato, Mourão revelou, no seu discurso, um entendimento posicionado, fruto de estudo, análise, aplicação e conclusão, consentâneo com sua formação social e intelectual – passível ou não de discordância como qualquer outro posicionamento que se tenha na vida.

Porém, o que abalou o vulgo imbecilizante, não foi o pensamento conservador do General. Foi Mourão ter revelado erudição, elaboração abstrata e conhecimento crítico e cultural.

Essa qualidade revelada pelo militar atemoriza toda a geração de pós-doutores de teses rasas, habilitados por gerações de “obedientes” à ideologia da preguiça mental, que contaminou a academia, a análise política e a mídia no Brasil.

A nata do politicamente correto teme, vivamente, a possibilidade do pensamento divergente sobreviver à fábrica de rótulos. Afinal, ela foi implantada para esmagar o pluralismo e o pensamento crítico no Brasil – em especial o conservador.

Assim, nada tinha ou tem de errado no discurso do General Mourão.

O erro está na mente dos que, há muito, não mais raciocinam, no Brasil.
afpp18*Antonio Fernando Pinheiro Pedro é advogado (USP), jornalista e consultor ambiental. Sócio diretor do escritório Pinheiro Pedro Advogados. Integrante do Green Economy Task Force da Câmara de Comércio Internacional, membro do Instituto dos Advogados Brasileiros – IAB. Vice-Presidente da Associação Paulista de Imprensa – API, é Editor – Chefe do Portal Ambiente Legal, do Mural Eletrônico DAZIBAO e responsável pelo blog The Eagle View.

 

 

 

 


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