HEROÍSMO NO PAÍS DOS ANTI-HERÓIS

Heroísmo feito de carne, ossos, coração e alma

 

Heley de Abreu Silva Batista - heroína de verdade

Heley de Abreu Silva Batista – heroína de verdade

Por Antonio Fernando Pinheiro Pedro

No Brasil das mídias pôdres, dos funkeiros celerados, da esquerdalha caviar, heroísmo é ter status social e grana no bolso.

No país dos psicopatas sociais, Neymar é herói, não por fazer belos gols mas… por ter dinheiro. Apresentadores-bolhas da televisão- idem, ganham heroísmo quando contratam “likes” nas fazendas de perfis do mercado negro das redes sociais.

Políticos canalhas, que roubam o povo e distribuem migalhas em forma de camisetas e sanduíche de mortadela, tornam-se “Heróis do Povo” na propaganda partidária dos militontos enraivecidos.

No Brasil dos baixinhos e grandinhos sem inteligência, loirinhas e modelos cabeça-ôcas, funkeiras e cantoras rebolativas tornam-se heroínas “segmentadas” de crianças e do público LGBT.

No Brasil imbecilizado pela baixa qualidade da mídia, herói é quem fica trancado em uma casa cheia de câmeras, com o intuito “didático” de virar… “celebridade”.

No Brasil dos intelectuais “de carreira”, dos engenheiros de obras feitas, dos ideólogos da corrupção, Macunaíma, o personagem anti-herói do romance de Mário de Andrade, criado para denunciar a falta de caráter tupiniquim, ganha vida e torna-se parâmetro de valor…

No Brasil dos salários indignos para o cidadão comum e escatológicos para burocratas “incomuns”, cumprir com a obrigação torna-se ato de heroísmo, digno de homenagens (e premios remuneratórios).

No Brasil dos degenerados, que interagem pelados com meninas impúberes em nome da arte de gênero, herói é quem “ousa” escandalizar pela perversão proselitista.

No Brasil dos ensandecidos que aprovam uma Lei Antimanicomial, que nos legou doentes mentais vagando pelas ruas do país, sem amparo ou trabamento, empregados até mesmo em escolas ou creches infantis, herói é o ativista psicopata, que quer destruir qualquer “ordem burguesa” ao seu alcance, incluso a que distingue loucos de sãos, sem medir as consequências…

Mas, para o Brasil real, herói tem outro significado: amor.

Santa Teresa de Lisieux ensinava: “não basta amar, é preciso provar”.

A professora Heley de Abreu Silva Batista, é uma verdadeira heroína. Amava a vida e provou seu amor a ela. Sacrificou a própria para salvar a vida das crianças em uma creche, em Janaúba-MG.

Perdeu a vida para salvar dezenas de crianças de um ataque covarde e monstruoso produzido por um psicopata com psicose obssessiva, diagnosticada e não tratada pela burocracia, e que fazia a vigilância da creche onde ela trabalhava como professora.

Em um institnto que só quem é mãe explica, Heley, para impedir a loucura do assassino covarde, agarrou-se ao monstro, que jogava combustível nas crianças e ateava fogo a si mesmo.

O marginal se consumiu no fogo e Heley evitou que a tragédia se alastrasse. Porém, mesmo ferida, a professora ainda buscou se movimentar, com suas colegas, para dentro da creche com o intuito de salvar mais vidas.

Heley teve 100% do corpo queimado. Morreu em um hospital com o sentimento de dever cumprido, está no céu.

O amor é impensado. Não comporta raciocínio. Heley agiu como fazem os heróis: instintivamente, com a mente posta na necessidade de salvar as crianças.

Ao contrário dos “heróis sem sangue”, dos “heróis sem mérito” que pululam na mídia podre, nos esportes, na arte e na política nacional, a heroína de verdade, com certeza, será esquecida – afinal, a desgraça do brasileiro é não ter memória.

Por aqui… heroísmo de verdade “é para os tolos”.

Heley me representa.

Heley está na alma de milhões de seres humanos que não hesitam em sair na defesa dos mais fracos…e pagam muitas vezes caro por isso. Morrem vítimas da covardia, da arrogância, do desmanzelo, da impunidade e do descaso oficial. Viram estatística, com direito a tornarem-se exemplos didáticos de conselhos de autoridades imbecis, que pregam ao cidadão sempre agir com covardia…

Heley permanecerá viva na alma do Brasil, e também na minha mente. Servirá como parâmetro do heroísmo, um heroísmo que ocorre diariamente no massacre cotidiano de vidas que hoje impera no Brasil real.

Um heroísmo cotidiano, feito de carne, ossos, coração e alma.
afpp-97Antonio Fernando Pinheiro Pedro é advogado (USP), jornalista e consultor ambiental. Sócio diretor do escritório Pinheiro Pedro Advogados. Integrante do Green Economy Task Force da Câmara de Comércio Internacional, membro do Instituto dos Advogados Brasileiros – IAB e das Comissões de Política Criminal e Infraestrutura da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB/SP. É Vice-Presidente da Associação Paulista de imprensa – API, Editor-Chefe do Portal Ambiente Legal e responsável pelo blog The Eagle View.

 

 

 

 

 

 

 


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