O DESEMBARQUE DO PMDB

O FIM DO GOVERNO DILMA É O FIM DA “NOVA REPÚBLICA” DE 1985

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Por Antonio Fernando Pinheiro Pedro

A Nova República -iniciada com Tancredo/Sarney, em 1985, ao que tudo indica, terminará com a queda de Dilma e o esfacelamento do presidencialismo de coalização, nos próximos meses (ou dias)…

Esse período, que será lembrado pela consolidação de instituições caras ao Estado Democrático de Direito, ficará marcado, também, por uma característica política interessante: absolutamente todos os mandatários à testa do governo federal, nesta era, independente das convicções ou posturas que os caracterizaram (ou destruíram)… dependeram da manutenção do PMDB, em sua base parlamentar e nos quadros da Administração Federal – de 1o., 2o. e 3o. escalão, para manter a governabilidade.

De fato, desmontado o bipartidarismo no final do regime militar, o PMDB surgiu como a grande força agregadora de quadros para a política nacional. Consolidou velhas lideranças, formou novas lideranças e as renovou seguidamente, por um bom tempo.

Enfim, o PMDB tornou-se o grande e único partido de quadros no cenário político nacional. Se alguém precisar de um inspetor de quarteirão em Santa Rosa do Viterbo ou um gestor de cartório em Xambioá, o PMDB indicará.

Quadros, não se confundem com militantes – que formam a “massa” de partidos como o PT ou o “caldo verde” de deslumbrados da REDE. Também não se confundem com claque – como a tucana (esmagada pelo esnobismo estéril dos seus “sempre-os-mesmos” mauricinhos-ungidos pelos caciques emplumados).

Em verdade, não é na liderança dos dirigentes mas, sim, nos quadros, que se assenta a grande capacidade de articulação do PMDB.

Um exemplo foi a articulação (a última) tentada pelos líderes do PMDB, de salvar o governo Dilma da crise iminente, no início do segundo mandato.

 Tetrarcas tentaram assumir o Poder logo no início do segundo mandato de Dilma. Ao rejeitá-los, o governo petista desmoronou.


Tetrarcas tentaram assumir o Poder logo no início do segundo mandato de Dilma. Ao rejeitá-los, o governo petista desmoronou.

No início do segundo mandato de Dilma, nos primeiros quatro meses de governo, já dando mostras claras de que o barco petista estava fazendo água, tentaram os líderes PMDBistas formar uma tetrarquia para manejar o poder em tempos de crise.

Temer, o vice, Renan e Cunha, presidentes do Senado e Câmara e o Superministro Levy, da Fazenda, formaram os tetrarcas que fizeram com que a credibilidade da gestão chegasse a subir.

Encarregados do Poder, os PMDBistas, então, iniciaram o preenchimento dos cargos de parte do segundo e terceiros escalões do governo.

Não deu resultado, porém. A presidente e seus acólitos petistas resolveram “retomar” o leme do governo…

A crise, então, veio à tona de forma irreversível.

Partidários de Cunha e Temer foram, um a um, identificados e defenestrados. Cunha passou a ser o alvo principal da ira petista no parlamento. Levy pediu o chapéu e…saiu. Temer, então, discretamente, iniciou o processo de desembarque do bloco partidário – que se refletiu em toda a estrutura de governo – em grande parte sustentada pelos quadros do PMDB.

No estado de absoluta ingovernabilidade em que o país afunda, sob os escombros do lulopetismo, no mar de lama posto às claras pelo judiciário, o desembarque do que restava dos quadros do PMDB representa o fim do governo Dilma, cuja base restante não soma gente capaz de dirigir os pedalinhos do Sítio (do amigo) do Lula…

De palavras de ordem (tipo “não vai ter golpe”) não sobreviverá o governo…

Enquanto isso, mobilizando e empregando seu contingente de quadros, Temer e o PMDB, reelaboram o seu “Plano Marshall”, visando a reconstrução da economia do país e a reforma política necessária à República.

Talvez estejamos testemunhando não apenas o fim do governo Dilma e o fim da “Nova República”, mas, também, o fim do atual sistema partidário e o início da reengenharia do Estado brasileiro.

 

afpp2Antonio Fernando Pinheiro Pedro é advogado (USP), jornalista e consultor ambiental. Sócio diretor do escritório Pinheiro Pedro Advogados. Integrante do Green Economy Task Force da Câmara de Comércio Internacional, membro do Instituto dos Advogados Brasileiros – IAB e da Comissão Nacional de Direito Ambiental do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB. É Editor-Chefe do Portal Ambiente Legal e responsável pelo blog The Eagle View.

 

 

 

 

 

 


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