TI é fundamental para a Sustentabilidade

Por Danielle Denny

Há anos a Pricewaterhousecoopers aplica o teletrabalho, o que permite a seus auditores e consultores atenderem seus clientes diretamente, via celular e computador, sem que precisem ir ao escritório. A economia de recursos ambientais decorrente dessa política é imensa: menos combustível, menos energia elétrica, menos água… Mas isso só é possível porque existe uma infraestrutura de TI (Tecnologia da Informação) muito bem desenvolvida à disposição dos funcionários, integrando-os e processando a infinidade de dados produzida por cada um deles em diversos locais.

Parece simples, mas esse volume massivo demanda uma estrutura física robusta, com vários servidores, cabos, gabinetes, muito bem estocados e refrigerados. Assim, esses data centers corporativos são verdadeiras dragas de recursos ambientais. O mais relevante, contudo, é a perda de energia elétrica, antes de chegar ao seu destino final, em cada uma das fases, desde a criação, até o uso. A dissipação de energia e a ineficiência do sistema pode levar à conta de 1 Watt para operar necessitando de outro 1 Watt para resfriar.

Claro que o setor de TI é um dos menos poluentes, corresponde, segundo dados apresentados pelo Diretor de Sustentabilidade da HP, Kami Saidi, no Fórum Green Tech 2011, a 2% das emissões globais de CO2, além disso, é o que mais consegue contribuir para a redução das emissões dos outros setores. Mas esse desperdício representa custo. As empresas que não investirem em tecnologias verdes vão perder competitividade.

Visto por esse prisma, os ideais verdes se tornam bem pragmáticos. Como aponta Newton Figueiredo, presidente do Grupo Sustentax, “sustentabilidade é garantir rentabilidade com ética e responsabilidade socioambiental”, mas “maquiagem verde é o que mais tem”. No afã de conquistar clientes socioambientalmente responsáveis, as empresas enveredam por caminhos que não trazem resultado.

Relatórios de sustentabilidade com formulários complicadíssimos, caríssimos, podem não agregar nenhum valor ao produto, aos clientes ou aos funcionários. Nesse contexto, só enfeitam as prateleiras, não agregam valor às empresas. Têm de ser feitos apenas quando for necessário ou importante reportar, por isso têm de ser feitos voltados para o público alvo, para o acionista, funcionário, ou cliente, em linguagem específica.

A quantificação de GEE (gases de efeito estufa) também não é remédio para tudo., em especial porque interessa mais às empresas que têm emissão significativa ou operação no exterior, afinal, a emissão brasileira é muito baixa se comparada com a americana (5,4ton/pessoa e 13,8ton/pessoa, respectivamente). Assim, as políticas aplicadas pelos executivos americanos não podem ser aplicadas irrefletidamente no contexto brasileiro.

Da mesma forma, esforços para se adequar ao ISE (Índice de Sustentabilidade Empresarial, da BOVESPA), que indica qual empresa é mais sustentável, podem ser inócuos, pois o medidor não é levado em consideração pelos investidores, uma vez que é tido como fora do mercado, feito por acadêmicos.

Assim, não adianta executivos e formadores de opinião pensarem em ações isoladas, dissimuladoras. Têm de investir em tecnologia e em governança, para criar uma estrutura que propicie a sustentabilidade. Só assim será possível aproveitar a janela de oportunidade e se lançar à frente dos concorrentes, para implementar um modelo de negócio rentável e socioambientalmente responsável.


Desenvolvido por Jotac