VERGONHA ANUNCIADA NO SETE DE SETEMBRO

MUSEU E PARQUE DO IPIRANGA REFLETEM O DESPREZO DOS GOVERNOS DO ESTADO E DO MUNICÍPIO PELO BRASIL

Museu Paulista - conhecido pelo Museu do Ipiranga

Museu Paulista – conhecido pelo Museu do Ipiranga

 

Por Antonio Fernando Pinheiro Pedro

Museu fechado, parque abandonado.

Símbolo da independência do Brasil, no estado de São Paulo o museu não é prioridade. O parque, patrimônio histórico a cargo da prefeitura, está jogado às traças. Patriotismo, memória nacional, identificação do povo com sua história, não fazem parte das agendas petista e tucana.

Pátria é o território e o reflexo do homem

Patriotismo é um sentimento voluntário, unilateral, de amor e pertencimento. Revela a disposição de entrega à causa da pátria.

O patriota (do grego patriotes – patrício), não apenas respeita; ele ama os símbolos da pátria, a bandeira, o hino, o brasão. Nutre identidade com os vultos históricos e as riquezas naturais. Ele serve ao seu país e é solidário aos que devotam o mesmo sentimento de patriotismo.

O Professor Paulo Nogueira Neto lecionava que “homem é território”. Ele queria com isso dizer que toda atividade antrópica se refletia territorialmente.

Levando em conta esse pressuposto, a pátria é o território e o reflexo do homem – o conjunto de elementos que identificam o ser humano com sua terra natal, seus costumes, seus símbolos e seus ancestrais.

No governo, patriotismo é dever!

Pois bem, se sentimento patriótico é o que se espera de um cidadão de bem com relação à pátria, no Governo, patriotismo é dever.

Tem o governo obrigação de zelar pelos símbolos nacionais, identificar, preservar e proteger o patrimônio que identifica os valores patrióticos do Povo Brasileiro.

Um governo que não zela por esse dever, não é digno do povo, não é digno de governar qualquer trecho do território nacional.

No caso da cidade de São Paulo, berço da independência do Brasil, o desgoverno e a falta oficial de patriotismo ultrapassou qualquer limite de tolerância. Virou caso de polícia e afronta política.

Poderíamos ficar horas enumerando, neste artigo, as faltas praticadas pelos governos do Estado de São Paulo e do Município de São Paulo contra os símbolos da pátria na cidade de São Paulo. No entanto, em função de uma denúncia muito oportuna do jornalista Carlos Tramontina, que resolveu visitar os tapumes do Museu do Ipiranga, e ali gravou um vídeo, vamos nos ater ao Museu do Ipiranga.

Museu, Parque e mausoléu do Imperador D. Pedro I (onde estão também os restos mortais das duas imperatrizes, D. Leopoldina e D. Amélia)

Museu, Parque e mausoléu do Imperador D. Pedro I (onde estão também os restos mortais das duas imperatrizes, D. Leopoldina e D. Amélia)

 

O Museu Paulista, é o museu da Pátria Brasileira.

O Museu do Ipiranga tem o nome de Museu Paulista, é jurisdição do Governo do Estado, pois integra o patrimônio da Universidade de São Paulo.

O Museu Paulista foi inaugurado em 7 de setembro de 1895 , no período do Império, como museu de História Natural e marco representativo da Independência, da História do Brasil e Paulista.

A instalação do Museu, um palácio imponente cercado por um parque inspirado no do Palácio de Versailles, na França, deu-se na colina do Ipiranga, lugar onde Dom Pedro I descansou, com sua tropa, ao subir a Serra do Mar, em direção à cidade de São Paulo. Ali deu o brado “independência ou morte”, que ecoa em nosso hino.

O Museu guarda estilo francês, pois a cultura francesa dominava a sociedade paulista e a própria côrte imperial. O palácio foi erguido com contribuições dos barões do café de São Paulo e seu acervo também proveio de doações particulares. Foi, assim, um museu construído em grande parte com esforço da sociedade paulista, sob os auspícios do governo da província de São Paulo.

O Coronel Joaquim Sertório mantinha um museu particular em São Paulo, e foi este acervo o primeiro a ser doado para constituir o acervo do Museu.

Com o Centenário da Independência, em 1922, novos acervos foram trazidos para o museu. Deu-se mais destaque também para a História de São Paulo e a decoração interna do edifício foi concluída, com pinturas e esculturas apresentando a História do Brasil no Saguão, Escadaria e Salão Nobre. A gestão do museu foi interiorizada, se estendendo ao Museu Republicano “Convenção de Itu”, na cidade que abrigou a primeira reunião do partido republicano, no interior do Estado.

O Museu Paulista foi palco (e vítima) de inúmeros conflitos de ordem ideológica e acadêmica, típicos da turbulência esquerdista que acometeu a administração dos bens culturais no estado de São Paulo e na cidade. Sofreu períodos de verdadeiro abandono.

Em 1972, por ocasião das comemorações do sesquicentenário da independência, os restos mortais de D.Pedro I foram transferidos de Portugal para o Brasil, para o Mausoléu imponente construído na ponta oposta ao Museu do Ipiranga, no Parque do Ipiranga.

Ao longo do tempo, houve uma série de transferências de acervos para diferentes instituições, sendo a última delas efetuada em 1989, para o Museu de Arqueologia e Etnologia da USP.

A partir daí, sob a jurisdição da Universidade, o Museu Paulista ampliou de forma metódica e substancial seus acervos referentes ao período de 1850 a 1950 em São Paulo.

A Universidade de São Paulo fez um importante trabalho de exumação dos corpos do Imperador D. Pedro I e das Imperatrizes D. Leopoldina e D. Amélia, que descansam no Mausoléu construído na ponta oposta do Parque do Ipiranga. Os estudos revelaram aspectos importantes da história e destruíram mitos.

O Museu do Ipiranga, assim, tornou-se um museu paulista, mas permanece como o Museu da Pátria Brasileira.

Retrato de uma crise de gestão no estado

O Museu Paulista possui, hoje, um acervo de mais de 125.000 unidades, entre objetos, iconografia e documentação textual, do século 17 até meados do século 20, significativo para a compreensão da sociedade brasileira, especialmente no que se refere à história paulista e conta com uma equipe especializada de curadoria.

Após sofrer com problemas de ordem estrutural graves, o Museu foi submetido a um “projeto de ampliação de seus espaços físicos” e, por isso, foi “fechado para reformas”. Seria tudo aceitável se não revelassem os tapumes a falta de vontade do Governo do Estado em aplicar verbas substanciais ao Museu, sendo notória a crise econômica sofrida, hoje, pela própria Universidade de São Paulo.

No governo Geraldo Alckmin, o silêncio impera sobre os conflitos e crises. Nesse sentido, as crises sucessivas de gestão na combalida Universidade de São Paulo refletiram-se no abandono do Museu Paulista. Uma reitoria sem condições de administrar, deu lugar ao necessário intervencionismo do governo paulista. No entanto, a gerência do conflito se faz nos moldes do governador. Sua natural impassibilidade levou aos tapumes no entorno do museu e, assim, as obras seguem por tempo indefinido, ao sabor dos ventos tucanos…

Vista do Parque do Ipiranga

Vista do Parque do Ipiranga

 

O desprezo petista pelo parque da pátria

Não bastasse o abandono do governo do estado, a prefeitura de São Paulo não deixou por menos. Simplesmente descuidou do parque do Museu do Ipiranga, que permanece sob sua guarda…

Lixo, falta de segurança, fontes abandonadas, revelam o absoluto desprezo da gestão petista da prefeitura com os símbolos da pátria.

Relata o jornalista Carlos Tramontina:

“As fontes estão secas… os chafarizes não funcionam… banheiros fechados… o pessoal da limpeza não está mais trabalhando… acabou o contrato com a segurança… não tem segurança no Parque da Independência!

Responsabilidade? Da Prefeitura de São Paulo”.

De fato, em 3 de outubro de 1986, o governo estadual passou a administração das áreas que compõem o parque (exceto o Museu Paulista) à Prefeitura, que deixou o espaço à cargo da Secretaria do Verde e Meio Ambiente.

A Secretaria do Verde e do Meio Ambiente é conhecida por Secretaria “do meio expediente”, tamanha a burocracia que a acomete, a ponto de provocar a morte de cidadãos por queda de árvores em período de chuvas, devido à demora na expedição de autorização de corte.

No governo do Prefeito Fernando Haddad, a SVMA foi comandada por… seis secretários. Ou seja, seguiu no governo petista, como um órgão sem direção, sem planejamento, sem verba e sem interesse.

O desastre se refletiu sobre todos os parques paulistanos, absolutamente abandonados pela gestão do PT.

Não bastasse o fato, ainda há todo o preconceito ideológico relativo à conservação do patrimônio histórico.

Na verdade, o esquerdismo tacanho que acomete parcela do culturalismo brasileiro… contamina ambas as gestões. No estado de São Paulo, o museu não é prioridade, como, aliás, qualquer coisa que diga respeito ao sentimento patriótico brasileiro. Da mesma forma, patriotismo, memória nacional e identificação do povo com sua história, não fazem parte da agenda petista aboletada na prefeitura da cidade de São Paulo.

O resultado é o abandono, às vésperas do dia da pátria brasileira, 7 de setembro.

Tristes dias…

Para assistir ao depoimento do Jornalista Carlos Tramontina, clique aqui:

Jornalista Carlos Tramontina vai ao Parque do Ipiranga

Para conhecer o Mausoléu do Imperador D. Pedro I, assista ao vídeo produzido por Duílio Galli:

Para saber mais sobre a exumação dos restos mortais de D.Pedro I e das Imperatrizes D. Leopoldina e D. Amélia, assista ao vídeo produzido pelo Jornal Gazeta:

afpp2Antonio Fernando Pinheiro Pedro é advogado (USP), jornalista e consultor ambiental. Sócio diretor do escritório Pinheiro Pedro Advogados. Integrante do Green Economy Task Force da Câmara de Comércio Internacional, membro do Instituto dos Advogados Brasileiros – IAB e da Comissão Nacional de Direito Ambiental do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB. É Editor-Chefe do Portal Ambiente Legal e responsável pelo blog The Eagle View.

 

 

 

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